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01-Documentação de Contexto.md

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Documentação de contexto

Introdução

As interações medicamentosas ocorrem quando várias drogas são administradas simultaneamente, podendo potencializar ou anular seus efeitos, além de causar efeitos colaterais adversos (THOMPSON, 1979; OGA, 1994). Embora a combinação de medicamentos possa ser benéfica, a administração de drogas incompatíveis pode ser extremamente prejudicial, reduzindo a eficácia do tratamento ou até levando à morte (CAMPOS et al., 1990; FONSECA, 1994; NIES & SPILBERG, 1996; OGA, 1994; SERTIÉ, 1997). São diversos os fenômenos que podem ser observados na administração concomitante de drogas, como as interações farmacêuticas (ou incompatibilidade entre medicamentos), interações farmacocinéticas, que afetam a absorção ou metabolização da droga e o antagonismo, onde a administração de uma droga pode anular ou reduzir a eficácia de outra (THOMPSON, 1979; OLIVEIRA, 1986; GRAHAME-SMITH & ARONSON, 1988; RANG & DALE, 1993; VASCO & BRATER, 1993; FONSECA, 1994; OGA, 1994; EISENBERG, 1996; NIES & SPIELBERG, 1996; VALE, 1997).

No Brasil, o uso de medicamentos é elevado e cresce anualmente devido ao aumento de doenças crônicas e à maior expectativa de vida, bem como à maior disponibilidade de medicamentos oferecidos gratuitamente pelo sistema público de saúde (OPAS, 2012). Um estudo de Carvalho e colaboradores (2005) revelou que 49% dos entrevistados usaram medicamentos recentemente, e 24,6% praticam automedicação regularmente. Em Santa Maria, RS, 76,1% já se automedicaram (CARVALHO et al., 2005). Arrais e colaboradores (2016) concluíram que os medicamentos mais consumidos incluem drogas para o sistema nervoso central (34,3%) e para o sistema muscular, trato alimentar e metabolismo (ARRAIS et al., 2016).

A automedicação pode agravar ou mascarar condições clínicas, além de aumentar o risco de intoxicação por interações medicamentosas, especialmente em um contexto de alta prevalência dessa prática no Brasil (CARVALHO et al., 2005). Silva e colaboradores (2006) relatam que 77% dos entrevistados acham as bulas pouco esclarecedoras, o que dificulta a compreensão dos medicamentos, seus efeitos e interações. Estes problemas foram parcialmente corrigidos com uma série de mudanças no formato das bulas de medicamentos, promovida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em 2009. Além da definição do estilo de fonte e seu tamanho na impressão, houve a padronização entre bulas de medicamentos genéricos e de referência e a obrigatoriedade de se encontrar a bula pela internet, dentre outras melhorias (BRASIL, 2009). Mesmo com as modificações realizadas em 2009 para facilitar a leitura e padronizar as bulas dos medicamentos vendidos em território nacional, Cintra (2016) destaca a necessidade de tornar informações sobre automedicação e interações medicamentosas mais acessíveis, já que bulas de medicamentos permanecem sendo difíceis de compreender ao público em geral, o que desincentiva sua leitura. O uso de linguagem técnica e conteúdo extenso dificulta a compreensão do paciente ou de pessoas sem formação técnica na área. A dificuldade em compreender as bulas, identificando aplicação, efeitos colaterais e possíveis interações entre medicamentos, combinada com a alta taxa de automedicação, tem um impacto negativo na saúde pública (CARVALHO et al., 2005; SILVA et al., 2006; MOURA et al., 2009; CINTRA et al., 2016). Desta forma, abordagens que facilitem a identificação destas interações, de forma acessível e organizada, podem ser desenvolvidas para facilitar o acesso da população a estas informações.

Problema

O problema que este projeto visa abordar é a falta de informação ou dificuldade na compreensão das informações contidas nas bulas dos medicamentos a respeito das interações medicamentosas. Grande parcela da população não compreende a bula ou não faz a sua leitura, e, somado à cultura da automedicação, existe um risco muito alto de haver interações medicamentosas. Neste contexto também é importante considerar as interações medicamentosas com comorbidades pré existentes ou com medicações de uso contínuo.

Objetivos

O objetivo geral desse projeto é desenvolver uma aplicação web que exiba informações sobre interações medicamentosas entre os medicamentos mais utilizados pela população, de forma simples e organizada.

Como objetivos específicos, destacam-se:

  • Mapear os medicamentos mais utilizados pela população em geral, com base em pesquisas;
  • Identificar e documentar as interações medicamentosas para os medicamentos mapeados, utilizando bulas e literatura especializada;
  • Estruturar as informações detalhadas sobre os medicamentos, incluindo nome comercial, fórmula, status de venda controlada, e interações com outros medicamentos.

Justificativa

O amplo uso de medicações sem orientação médica frequentemente é acompanhado do desconhecimento dos malefícios que esse comportamento pode causar gerando, como principal consequência, interações medicamentosas indesejáveis para a fisiologia humana. Dados da Organização Mundial de Saúde apontam que 29% dos óbitos ocorridos no Brasil são devido a intoxicações causadas por interações medicamentosas.

Nos dias atuais, a tecnologia e informatização estão cada vez mais presentes na vida da população, e essa tecnologia vem sendo empregada no desenvolvimento de uma série de iniciativas que colaboram com o desenvolvimento de novas abordagens de assistência na área da saúde. Essas iniciativas são extremamente importantes pois facilitam o acesso da população em geral à informação, bem como podem ser utilizados para avaliação de resultados, estudos epidemiológicos e promoção da saúde, informando sobre doenças, tratamentos e riscos associados à tratamentos de saúde. Neste contexto, o desenvolvimento de uma aplicação web que possa exibir, de forma organizada e acessível, informações sobre interações medicamentosas vem a contribuir para a acessibilidade da população à informações essenciais de segurança no uso de medicamentos.

Público-alvo

Com base na pesquisa desenvolvida pela equipe, observou-se que a maioria dos entrevistados, cerca de 59%, é do gênero feminino, sendo que a faixa etária mais representativa foi a de 50 a 60 anos, com 18%, seguida pela de 30 a 40 anos, com 15%. Constatou-se que 41,2% dos entrevistados, além de fazer uso de medicação contínua, não consegue encontrar todas as informações necessárias na bula, sendo que 55,9% recorrem a pesquisas na internet. Além disso, 44,1% dos entrevistados já realizaram pesquisas sobre interações medicamentosas.

Assim como observado na literatura, verificou-se uma alta taxa de automedicação ou administração de medicamentos a outras pessoas sem o acompanhamento de um profissional de saúde, segundo relatos de 47,1% dos entrevistados. Esse comportamento pode estar relacionado ao elevado índice de insegurança na administração de medicamentos, como relatado por 47,1% dos entrevistados, seja pela dificuldade de compreensão da bula, seja pelo receio de provocar reações indesejadas devido à interação entre medicamentos. Diante disso, o público-alvo deste projeto foi definido como sendo idosos e indivíduos do gênero feminino.

A aplicação web poderá ser utilizada por qualquer pessoa, mas o público-alvo deste trabalho são os idosos e as mães. Os idosos, devido à idade e ao aparecimento de doenças, costumam utilizar medicamentos diversos com mais frequência, o que pode aumentar o risco de interações medicamentosas. Já as mães acumulam várias funções e precisam medicar os filhos, que, por ainda estarem com o sistema imunológico em desenvolvimento, são mais suscetíveis a adoecer com frequência (ARRAIS et al., 2016).